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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Reflexões de Mauro Ribeiro sobre o fim da Equipe Caloi/Suzano

Foi uma equipe que conquistou vitórias importantes. Todos os atletas se engajaram em outros times, ninguém acabou ficando na rua. E quando falo todos, são todos mesmo, incluindo massagistas, mecânicos, chefes de equipe, motoristas etc



Como toda a história tem um precursor, com a nossa não foi diferente. Estamos falando de uma época que vem de gerações, em que muito aprendizado foi acrescentado e um novo conceito de equipe chegou ao Brasil.

Bruno Caloi [falecido em outubro de 2006] foi o homem por trás dessa revolução no ciclismo nacional, pois tinha uma visão de que a sua empresa, a Caloi, deveria entrar de cabeça no conceito empresa/equipe – e olha que a Caloi é um dos times mais antigos da América Latina.

Nesses anos todos, muita coisa aconteceu e, até 2001, a Caloi se manteve como proprietária integral da equipe. No ano seguinte, o time se transformou em uma equipe mista, já com uma outra gestão. Com isso outras empresas se demonstraram interessadas e novas parcerias foram sendo firmadas. Primeiramente com o grupo Extra, com 40% dos investimentos. Os outros 60% ficaram por conta da Caloi. Depois esse quadro virou e passou a ser 70% Extra e 30% Caloi – isso em 2003.

Já em 2006 e 2007, o patrocínio foi modificado e quem assumiu foi a Flying Horse juntamente com a cidade de Suzano, em uma parceria que perdurou até 2008. Já no último ano de atuação da equipe, a Caloi entrava com o fornecimento do material e o patrocinador principal e a cidade de Suzano passaram à frente. Assim, a equipe passou a se chamar Flying Horse/Suzano.

Muitos fatos aconteceram, muitas histórias foram vividas, culminando em aprendizado para todos, inclusive para mim. A administração passou a ser questionada cada vez mais e com isso a cidade de Suzano se retirou do projeto – a Flying Horse foi a única que permaneceu.

Uma frase que é muito importante é: nunca deixamos de aprender, pois sempre estamos aprendendo com o que ocorre ao nosso redor. E quando isso não faz mais sentido, não mais adianta seguir em frente. Senti que eles não tinham mais como evoluir e com isso o relacionamento acabou ficando mais frio.

2009 foi o ano em que todos foram questionados, afinal, os atletas de outras equipes estavam se sobressaindo. Por outro lado, muitos foram pegos nos testes – e estavam positivos.

Eu sempre apostei em outra maneira de trabalhar. Com isso, os resultados aconteceriam, tanto é que aconteceram, mas chegou uma hora em que eu não parecia mais passar credibilidade.

Foi uma equipe que conquistou vitórias importantes. Todos os atletas se engajaram em outros times, ninguém acabou ficando na rua. É só pegar os exemplos de excelentes armas que tínhamos nas mãos: Renato Ruiz, que hoje está na Scott/São José dos Campos; Tiago Fiorilli e Patrick Azevedo, que hoje correm pela equipe de Pindamonhagaba, ou seja, ninguém ficou de fora pelo simples fato de a equipe Caloi deixar de existir. E quando falo todos, são todos mesmo, incluindo massagistas, mecânicos, chefes de equipe, motoristas etc.

Fico feliz que construímos um conceito de equipe ideal para nós aqui no Brasil, nos mesmos moldes e estruturas das principais equipes europeias.
Trouxemos a ideia de personalizar um microônibus, termos massagistas exclusivos, personalização das roupas, carros de apoio, de chegarmos com toda a logística necessária para fazer algo bem-feito e que pudesse trazer resultados.

Hoje, cada um seguiu o seu caminho, mas uma coisa eu tenho certeza: estão seguindo no rumo certo, pois todo esse aprendizado que eu adquiri com eles – e vice-versa – ficará para a vida toda.

Então não se esqueçam: nunca deixem de aprender.


Fonte : Prologo

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