Quando olhei para trás, só vi gente voando. O carro veio acelerando, derrubando quem estava no caminho. Acordei no chão", afirma Marcos Rodrigues, de 27 anos, atropelado na noite de sexta-feira junto com uma dezena de outros ciclistas no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre.
Rodrigues, que desmaiou após sofrer uma pancada na cabeça na queda, foi uma das 9 pessoas atendidas no Hospital de Pronto Socorro. Ele passou por exames, ficou em obervação até o fim da noite, mas como os demais feridos, já recebeu alta.
"Perto do que poderia ter ocorido, estou no lucro. Não foi um acidente, foi tentativa de homicídio. Um comportamento assassino mesmo", diz o ciclista. Segundo ele, ao todo cerca de 40 ciclistas foram derrubados de suas bicicletas. Cerca de 30 bicicletas foram destruídas ou danificadas.
O motorista ainda não foi identificado e está sendo procurado pela polícia. Segundo a Delegacia de Delitos de Trânsito, a Brigada Militar localizou um automóvel Golf de cor preta abandonado cuja placa é a mesma identificada por testemunhas do atropelamento.
O atropelamento ocorreu por volta das 19h30 na esquina das ruas José do Patrocínio e Luiz Afonso, no bairro Cidade Baixa. Inconformados, os ciclistas chegaram a fechar a avenida por cerca de 4 h.
Segundo o relato dos ciclistas, o motorista teria discutido com os ciclistas antes do atropelamento. "A gente costuma pedir calma para os mostoristas, porque nas nossas marchas é comum a gente ocupar toda a via pública em alguns trechos. Mas ele acelerou deliberadamente", diz o sociólogo Guilherme Schroder, de 29 anos.
A polícia já identificou o proprietário do veículo encontrado e tenta agora localizar o motorista. "Temos a versão dos ciclistas, precisamos ouvir agora a versão do motorista para saber o que foi que aconteceu para provocar aquilo. Se houve culpa ou dolo", disse o delegado Gilberto Almeida Montenegro. Segundo ele, só após colher todas as provas e depoimentos, a polícia decidirá se o motorista irá ou não responder por algum delito.
Para o delegado, os ciclistas deveriam ter informado a realização da marcha à Brigada Militar ou ao EPTC, órgão que coordena o trânsito. "Esses órgãos não receberam nenhuma solicitação", disse.
O estudante Miguel Andorffy, 20 anos, explica que o grupo Massa Crítica reúne cerca de 150 ciclistas e costuma sair em marcha toda última sexta-feira do mês. Segundo ele, o objetivo do movimento é defender o "direito de ciclistas e motoristas compartilharem com respeito as mesmas vias públicas". O artido 58 do Código Brasileiro de Trânsito diz que a circulação de bicicletas em vias urbanas ou rurais deve ter "preferência sobre veículos automotores".
"Tínhamos acabado de iniciar a marcha e seguíamos a uma velocidade média de 20 km/h. O carro passou a um metro de distância de mim", afirma. "Foi intencional. Ele veio literalmente passando por cima, cantando pneu e acelerando".
Os ciclistas marcaram uma assembléia neste domingo para discutir que medidas serão tomadas após o episódio e prometem organizar um novo protesto contra o atropelamento.
Fonte: Globo.com
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